14 fevereiro 2016



Fontana di Trevi, Roma wiki

Se o homem começou a seleccionar parceiras que pareciam jovens, então qualquer gene que atrasasse o desenvolvimento das características adultas numa mulher torná-la-ia mais atraente numa dada idade do que uma rival. Consequentemente, ela deixaria mais descendentes, que herdariam o mesmo gene. Qualquer gene de neotenia daria a aparência de juventude. Por outras palavras, a neotenia podia ser a consequência da selecção sexual e, uma vez que se atribui à neotenia o aumento da nossa inteligência (ao aumentar o tamanho do cérebro na idade adulta), é à selecção sexual que devemos atribuir a nossa grande inteligência.
A Rainha de Copas Matt Ridley

13 fevereiro 2016

Ponte Sisto, Roma wiki

Carrier colocou uma nova questão: “Os quadrúpedes podem correr mais depressa em distâncias curtas, mas quem ganha em distâncias longas?” Determinou que numa caçada muito longa um bípede (ou seja, o Homo) consegue correr mais do que um antílope. Uma das razões é que quando as patas dianteiras de um quadrúpede tocam o solo, o impacto propaga-se pelas patas acima e comprime o tórax, tendendo a forçar o ar a sair dos pulmões. Por isso o animal deve sincronizar o passo da corrida com a respiração um fôlego por cada ciclo locomotor.
Por outro lado, um humano bípede tem mais liberdade para variar a sua passada. “Eles podiam ter perseguido livremente as presas a qualquer velocidade, de acordo com o seu limite aeróbico. Podiam pois ter escolhido a velocidade menos económica para um tipo particular de presa. Isto teria forçado a presa a correr de forma ineficiente, acelerando a sua eventual fadiga”. Contudo, o próprio Carrier reconheceu explicitamente que não era possível utilizar o cenário do corredor de fundo para explicar a emergência do bipedismo nos antepassados de Lucy.
A Hipótese do Símio Aquático - Elaine Morgan

10 fevereiro 2016

Vaticano

...quien altera de manera constante los sentimientos normales tomando narcóticos o grandes cantidades de alcohol. Los mapas de la vida resultantes son sistemáticamente falsos, y siempre informan de manera equivocada al cerebro y a la mente acerca del estado real del cuerpo. Se podría pensar que esta distorsión puede suponer una ventaja. ¿Qué mal hay en sentirse bien y ser feliz? Bueno, pues parece que realmente es muy perjudicial si el bienestar y la felicidad se hallan, de manera sustancial y crónica, en contradicción con lo que el cuerpo informaría en condiciones normales al cerebro. En efecto, en las circunstancias de la adicción, los procesos de decisión fracasan estrepitosamente, y los adictos toman cada vez menos decisiones ventajosas para ellos y para los que tienen cerca. La expresión "miopía del futuro" describe de forma adecuada esta situación comprometida. Si no se le pone remedio, conduce invariablemente a una pérdida de la independencia social.
En busca de Spinoza - António Damásio

04 fevereiro 2016

Roma

En un interesante experimento realizado por Robert Miller y Marc Hauser, unos monos evitaban tirar de una cadena que les habría proporcionado comida si al hacerlo también provocaban que otro mono recibiera una descarga eléctrica. Algunos no comían durante horas, e incluso días. Resulta curioso que los animales que actuaban de forma más altruista fueran los que conocían al objetivo potencial de la descarga. Lo que ocurría era que la compasión funcionaba mejor con los familiares que con los extraños. También los animales que con anterioridad habían recibido una descarga tenían más probabilidades de actuar de forma altruista. Los seres no humanos pueden ciertamente cooperar, o dejar de hacerlo, en el seno de su grupo.
En busca de Spinoza - António Damásio

03 fevereiro 2016

Galeria de Bustos, Vaticano, Roma

Quantos africanos terão sido levados para o Novo Mundo? As estimativas cresceram com o passar dos anos como um modo de agravar o crime, mas não é exagero falar de uns 10 milhões no decorrer de três séculos. [...] A chamada passagem média era uma navegação transoceânica em que os cativos eram atirados para os imundos porões onde se amontoavam os vómitos, o muco, os excrementos diarreicos, era uma viagem homicida. No entanto, o traficante receava permitir que a sua carga deixasse os fétidos porões e subisse ao convés - porque podiam pular no mar. Perder um escravo em cada sete era considerado normal; um em cada três ou quatro, excessivo, mas perdoável.
Cada dia de navegação custava vidas - nenhum navio negreiro singrava o oceano sem uma escolta de tubarões. Assim, os traficantes preferiam desembarcar e vender de imediato a sua carga nas ilhas orientais - quanto mais cedo melhor -, e recebiam uma bonificação nas Grandes Antilhas. Os navios negreiros anunciavam-se a muitas milhas de distância a favor do vento pelo seu fedor, que nunca desaparecia, mesmo depois de os escravos terem sido descarregados, até mesmo depois de o navio deixar de fazer o tráfico.
A Riqueza e a Pobreza das Nações, David S. Landes
Galleria delle carte geografiche, Vaticano, Roma wiki

Quando contei a história de Chumley [...] O gorila, como acontece tantas vezes com os macacos grandes, já não tinha idade nem tamanho para andar ao colo e tornara-se profundamente solitário. Quando era novo, mexiam-lhe e acarinhavam-no, brincavam e lutavam com ele, abraçavam-no e davam-lhe palmadinhas, e de repente todo aquele agradável contacto físico tinha desaparecido. Ele tinha crescido tanto que começava a ser arriscado, por isso ele ficava para ali sentado, solitário e desanimado, desejoso de um pouco de intimidade social. Mas isso nunca acontecia. As pessoas eram muito simpáticas através das grades, mas ninguém se aproximava verdadeiramente dele.
Já ao fim de uma tarde de Verão, o grande gorila viu partir os últimos visitantes e depois, um após outro, todos os empregados do Jardim Zoológico. Por fim tudo ficou sossegado. Não havia qualquer movimento. Mas de repente ouviu-se o som distante de um passo leve. Era uma tratadora que o gorila conhecia e de quem gostava muito --- a última a sair naquele dia. Quando passou em frente da jaula do animal, ela gritou-lhe uma saudação de despedida e, ao olhá-lo de lado, ficou horrorizada por ver o enorme corpo do animal estranhamente contorcido e, ao que parecia, preso num arame saliente. Correndo para a traseira da casa do macaco, abriu a porta de serviço e desceu o corredor escuro. Ao chegar à jaula do gorila, viu que teria de abrir a porta para ver claramente o sítio onde ele parecia estar preso à rede. O peito ergueu-se-lhe graciosamente quando respirou fundo para arranjar coragem para dar a volta à chave, mas ela gostava tanto do animal que não podia suportar a ideia de um pedaço de arame lhe cortar a carne e estava disposta a fazer o que fosse preciso para acabar rapidamente com o seu sofrimento. Se pudesse ver bem de perto o que estava a acontecer, saberia como proceder.
Abriu a porta devagar, pouco a pouco, esforçando-se por ver na penumbra do fim do dia. Com grande espanto seu, a jaula parecia estar vazia. O sítio onde o gorila dera a ideia de ter ficado preso à rede estava agora vazio também. Já quase às escuras, entrou na jaula para ver como é que o enorme animal tinha conseguido escapar.
Era o momento que o gorila esperava. Desde que fingira ter ficado preso na rede, só desejava uma coisaque a rapariga entrasse na jaula para o salvar, não para ter a possibilidade de lhe fazer mal, mas poder abraça-la e ter a companhia dela, evitando assim mais uma longa noite solitária. Isto pode parecer demasiadamente inteligente para o cérebro de um macaco, mas provavelmente, quando era mais novo, o tratador acorrera à jaula dele para o salvar de um embaraço semelhante e ele conseguira armazenar a recordação desse momento dentro da sua cabeça cabeluda. Agora o truque voltava a resultar e aqui estava a porta da jaula & abrir-se lentamente à sua frente. Escondido atrás da porta, para onde se passara rapidamente logo que ouvira a chave na fechadura, viu a raparíga entrar na jaula. Depois, numa precipitação cheia de alegria, avançou e rodeou-lhe o corpo assustado com os seus longos braços. Todo o restante pessoal do Jardim Zoológico já saíra. Ao cair da noite, ela era o único ser humano que ali se encontrava. O gorila, satisfeito, agarrava-se a ela como se a sua vida dependesse disso. Logo que percebeu que as intenções dele eram amigáveis, passou-lhe o medo. A porta estava entreaberta e as chaves estavam na fechadura. Se conseguisse lá chegar, talvez conseguisse passar-se para o corredor e fechar a porta atrás dela. Mas cada vez que fazia o mais ligeiro movimento para se libertar, ele apertava-a com mais força de encontro ao peito. A única coisa a fazer era esperar que ele adormecesse, por isso fingiu que estava com sono e fechou os olhos.
Assim que ouviu que a respiração dele mudara, começou novamente a deslizar devagar para fora dos seus braços, dirigindo-se pouco a pouco para o lado da porta. Mas de repente ele voltou a acordar e agarrou-a. No meio da confusão, enquanto se debatia, a porta foi empurrada por acidente, fechando-se automaticamente à chave. A força da pancada fez cair o molho de chaves da fechadura e ela ouviu-as bater do lado de fora no chão do corredor. Agora não havia mais nada a fazer senão deixar-se estar quieta nos enormes braços peludos do gorila e esperar pela manhã, pela chegada do pessoal do Jardim Zoológico para a ir libertar. A noite pareceu-lhe comprida.
Desmond Morris O tempo dos animais
Isola Tiberina, Pons Cestius, Pons Fabricius, Roma wiki

The dark-haired girl behind Winston had begun crying out ‘Swine! Swine! Swinel’, and suddenly she picked up a heavy Newspeak dictionary and flung it at the screen. It struck Goldstein’s nose and bounced off: the voice continued inexorably. In a lucid moment Winston found that he was shouting with the others and kicking his heel violently against the rung of his chair. The horrible thing about the Two Minutes Hate was not that one was obliged to act a part, but that it was impossible to avoid joining in. Within thirty seconds any pretence was always unnecessary. A hideous ecstasy of fear and vindictiveness, a desire to kill, to torture, to smash faces in with a sledge-hammer, seemed to flow through the whole group of people like an electric current, turning one even against one’s will into a grimacing, screaming lunatic. And yet the rage that one felt was an abstract, undirected emotion which could be switched from one object to another
1984 Nineteen Eighty-Four George Orwell

Monumento Nazionale a Vittorio Emanuele II, Roma wiki

A social worker frequently at the project was astonished by how often the subject of the lawn came up, usually gratuitously as far as she could see, and how much the tenants despised it and urged that it be done away with. When she asked why, the usual answer was, "What good is it?" or "Who wants it?" Finally one day a tenant more articulate than the others made this pronouncement: "Nobody cared what we wanted when they built this place. They threw our houses down and pushed us here and pushed our friends somewhere else. We don't even have a place around here to get a cup of coffee or a newspaper even, or borrow fifty cents. Nobody cared what we need. But the big men come and look at that grass and say, `Isn't it wonderful! Now the poor have everything!' ".
Jane Jacobs The death and life of great American cities
Trajan's Column, Roma wiki

Como consequência, a Europa recebeu uma das suas mais profundas cicatrizes políticas, com partes delas ainda visíveis do espaço no auge da guerra fria. Florestas viçosas começaram a surgir nas áreas fronteiriças entre os estados inimigos, moldando o que é chamado hoje em dia de cinturão verde europeu. Vários animais, alguns dos quais pertencendo a espécies ameaçadas, encontram refúgio nesses oásis .
Yanko Tsvetkov FFMS Ter opinião XXI 2016