03 fevereiro 2016

Galeria de Bustos, Vaticano, Roma

Quantos africanos terão sido levados para o Novo Mundo? As estimativas cresceram com o passar dos anos como um modo de agravar o crime, mas não é exagero falar de uns 10 milhões no decorrer de três séculos. [...] A chamada passagem média era uma navegação transoceânica em que os cativos eram atirados para os imundos porões onde se amontoavam os vómitos, o muco, os excrementos diarreicos, era uma viagem homicida. No entanto, o traficante receava permitir que a sua carga deixasse os fétidos porões e subisse ao convés - porque podiam pular no mar. Perder um escravo em cada sete era considerado normal; um em cada três ou quatro, excessivo, mas perdoável.
Cada dia de navegação custava vidas - nenhum navio negreiro singrava o oceano sem uma escolta de tubarões. Assim, os traficantes preferiam desembarcar e vender de imediato a sua carga nas ilhas orientais - quanto mais cedo melhor -, e recebiam uma bonificação nas Grandes Antilhas. Os navios negreiros anunciavam-se a muitas milhas de distância a favor do vento pelo seu fedor, que nunca desaparecia, mesmo depois de os escravos terem sido descarregados, até mesmo depois de o navio deixar de fazer o tráfico.
A Riqueza e a Pobreza das Nações, David S. Landes

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