28 novembro 2015



Andávamos em patrulha há cerca de três dias quando, numa tarde, avistei fumo saindo do mato à nossa frente. Sabíamos que não havia aldeias na zona, por isso prosseguimos com cautela. Uma hora mais tarde, distingui um pequeno quimbo junto a um leito do rio seco. Não havia guardas, embora ouvíssemos bastante barulho. Encontrávamos-nos ainda a 50 metros de distância quando vimos cerca de uma dúzia de homens reunidos à volta de um aparelho de rádio, com as suas armas por perto Todos eles, com expressões animadas nos rostos, escutavam o relato do jogo entre Portugal e Inglaterra. Estavam todos juntos como um grupo de rapazes e podíamos ouvir distintamente os comentários do sítio onde nos achávamos acocorados. Cada vez que a equipa portuguesa atacava, os terroristas rugiam de aprovação. Estes homens deviam estar em guerra contra nós... As suas vidas estavam em jogo e ainda assim encontravam-se completamente embrenhados num jogo de futebol. O nome Eusébio era mágico. Cada vez que falavam nele, aplaudiam. Teria sido fácil matar muitos deles do local onde nos situávamos mas como é que se consegue abater alguém que, ainda por alguns momentos, partilha as mesmas emoções que nos. Entre os meus próprios homens vi alguma tensão ao ouvir o resultado do jogo
Portugal e as Guerrilhas de África Al J. Venter

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